Cursos Técnicos Integrados ao Médio


Estrutura curricular do curso técnico em informática integrado ao ensino médio.

A história da dualidade na educação...


A dualidade na educação brasileira tem origens profundas que remontam ao período colonial. Desde então, houve uma clara distinção entre as formas de educação destinadas às elites e às classes populares. No contexto colonial, as ocupações manuais eram predominantemente associadas aos escravos, enquanto os indivíduos livres eram afastados dessas atividades. Essa segregação refletia a mentalidade discriminatória da época, que relegava aos escravos e às classes menos privilegiadas as ocupações consideradas inferiores.

Com o passar do tempo, essa mentalidade persistiu e se refletiu na educação. Mesmo com o fim da escravidão, a ideia de que as ocupações manuais e técnicas eram destinadas aos mais pobres e desfavorecidos continuou presente. Essa dualidade se manifestou na criação de escolas técnicas e profissionalizantes com estrutura precária, falta de recursos e baixa eficiência, em contraste com as instituições de ensino voltadas para a elite, que ofereciam uma educação de melhor qualidade.

Durante a Era Vargas, na década de 1930, houve uma tentativa de mudança nesse cenário, com a industrialização do país e a necessidade de preparar a força de trabalho. No entanto, as políticas educacionais implementadas por Vargas não foram capazes de eliminar completamente a dualidade, mantendo a divisão entre a "instrução de pobre" e a "instrução de rico".

Mesmo com avanços na legislação educacional, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961 e sua posterior revisão em 1996, que buscaram restabelecer a equivalência entre os ramos de ensino, a dualidade persistiu. Somente em 2004, com o Decreto 5.154, foi garantida a plena equivalência entre os cursos técnicos da educação profissional e o ensino médio regular, representando um marco na tentativa de superar essa dualidade histórica na educação brasileira.

A história do ensino técnico integrado ao médio

Vendo as origens do IFSP campus São Paulo, que por lei de criação nasce para acolher os desvalidos da sorte, mas na pratica são matriculados os filhos de operários, profissionais urbanos e os próprios operários, observa-se desde a sua origem uma grande diferença comparada com as outras EAAs

De 1910 a 1959 o ensino técnico evolui de primário a ginásio industrial e de 1959 até 1997 você tem o ensino técnico de nível médio de forma integrada, quando no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso através do Decreto Lei 2.208/97 a separação do curso profissionalizante do ensino propedêutico (médio).

Somente em 2004 no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Decreto 5.154/2004 que revoga o Decreto 2.208/97 que voltamos a ter o ensino técnico de nível médio integrado.

O ensino técnico de nível médio da escola técnica de São Paulo.

Começa um período de grandes mudanças, entre 1959 e 1961 foram promulgados duas leis e um decreto alterando a estrutura do ensino técnico industrial: A Lei n.º 3.552, de 16 de fevereiro de 1959, que estabelecia uma nova regulamentação para as escolas técnicas federais (propiciava através de seu art. 16, autonomia didática, administrativa e financeira a essas escolas); o Decreto n.º 47.038, de 16 de outubro de 1959 que regulamentava o ensino industrial, repetia a Lei n.º 3.552/59 em vários pontos, demarcava a rede federal de escolas técnicas e determinava a atribuição da Diretoria do Ensino Industrial; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961.

Os níveis de ensino segundo a LDB de 1961

De 1959 a 1965 temos o fim dos cursos industriais e início dos cursos técnicos de nível médio no campus São Paulo. Havia o curso técnico de Construção de Máquinas e Motores com disciplinas propedêuticas e especiais.

As disciplinas propedêuticas eram: Português, Inglês, Matemática, Física, Química, História Universal e Geografia Geral.

As disciplinas de “cultura técnica” eram: Desenho, Tecnologia, Higiene Industrial, Organização do Trabalho, Complementos de Matemática, Construção de Aparelhos Mecânicos, Máquinas e Motores, Mecânica Aplicada, Eletrotécnica, Ensaios em Laboratórios de Máquinas e Noções de Resistência de Materiais.

O Curso Técnico em Edificações apresentava as seguintes matérias de “cultura técnica”: Desenho Técnico, Tecnologia, Higiene Industrial, Organização do Trabalho, Contabilidade Industrial, Noções Gerais de Resistência dos Materiais, Topografia, Instalações Domiciliares, Construção de Edifícios, Ensaios em Laboratório Tecnológico, Complementos de Matemática, Revestimentos.

O Curso Industrial que existiam eram: Curso Industrial Básico de Mecânica de Máquinas (artífices em Mecânica de Máquinas); Curso Industrial Básico de Fundição (artífices em Fundição) e o Curso Industrial Básico de Serralheria (artífices em Serralheria); Curso Industrial Básico de Cerâmica. As disciplinas de cultura geral desses alunos eram: Português, Matemática, Ciências Físicas e Naturais, Geografia do Brasil e História do Brasil. Havia também as disciplinas de Práticas Educativas: Educação Física e Canto Orfeônico.

A Escola Técnica Federal de São Paulo foi a denominação que a Escola Técnica de São Paulo adquiriu a partir da Lei n.º 4.759 de 20 de agosto de 1965 e a partir dessa data havia apenas os cursos técnicos, haja vista que foram extintos os cursos Industriais.

Os cursos técnicos de nível médio são os cursos de Mecânica, Eletrotécnica, Edificações e posteriormente surgem os cursos de Eletrônica, Telecomunicações (1977) e Processamento de Dados (1978).

A Escola técnica de São Paulo, depois Escola técnica Federal de são Paulo e por último CEFET, sempre prezaram por formar um aluno profissional para o mundo do trabalho, mesmo tendo uma formação muito exigente na parte profissionalizante, mas a parte propedêutica era bem trabalhada e era observado que o aluno ainda desenvolvia em paralelo responsabilidades e amadurecimento como cidadão. Já com a volta do ensino técnico integrado em 2004, há uma mudança na base curricular desses cursos, onde há um reforço na disciplinas propedêuticas e ajuste nas disciplinas profissionalizantes, atualmente os integrados estão se ajustando as demandas da nossa sociedade para a formação cidadã, sendo uma esperaça no combate da dualidade histórica entre formação para o trabalho e formação intelectual.

Ao longo do tempo a escola se modifica e os curso também, atualmente no câmpus São Paulo do IFSP você tem os curso integrados de Mecânica, Eletrotécnica, Eletrônica, Informática e Desenvolvimento de Sistemas.